sexta-feira, 9 de abril de 2010

Hana e os Personagens 2: Questões de Linguagem

Linguagem é uma coisa que me faz gastar bastante tempo quando eu estou rascunhando. Não a linguagem no sentido gramatical da coisa, mas a linguagem como manifestação do personagem. Isso me pega bastante, porque eu acho que a linguagem é a única maneira que eles têm para se manifestar no mundo.

Eu encontro um problema sério em deixar o personagem se expressar. Eu odeio escrever gramaticalmente errado. Absolutamente odeio. E, ao mesmo tempo, eu quero que os personagens tenham voz. Quando eu reescrevo, então, eu tento corrigir os problemas da língua falada quando posta no papel. Ainda assim, eu quero manter o ritmo de fala. O que acontece, então, é que eu "escuto" o personagem dizer "tá bem", penso "está bem" e escrevo "tudo bem". Depois de um tempo, o ritmo da fala de alguns personagens fica forte na cabeça e eu não preciso mais fazer essa fórmula. Já sai naturalmente pela prática. Mas essa prática precisa ser refeita a cada personagem, para cada nova história.

Esse é o meu maior problema com a Ana Maria (da minha historinha que está no fictionpress.com, "Uma questão de identidade", que toda hora eu penso se o título não está errado, que na verdade ele seria "A questão da identidade"). Ana Maria não é uma personagem que eu me dei bem no começo. Além de achar que nós não temos nada em comum, às vezes eu acho que ela não é exatamente uma garota brilhante. Isso reflete na linguagem dela. Só que estou percebendo que ela pensa rápido. Às vezes até rápido demais, porque a linguagem não consegue acompanhar a rapidez de raciocínio.

A narrativa, então come palavras, abrevia, faz de tudo para sair rápida como a língua dela. Minha vontade é de arrancar os cabelos, porque ela fala "devia" ao invés de "deveria", ela fala os "tá bem" que me atormentam tanto com outros personagens. Só que eu percebo que se eu editar a linguagem dela, se eu tentar barrar os impulsos da linguagem dela, ela não vai ser a Ana Maria.

Acho que a única solução que existe é aceitar, porque eu não quero mudar quem ela é.

Nenhum comentário: